Deve o foto jornalista apenas mostrar a realidade através da sua lente ou interferir nela quando a sua consciência assim o exige? Kevin Carter achou que não devia interferir, em 1993, quando fotografou, para o New York Times a imagem de um bebe do Sudão, caído no chão, enquanto no mesmo plano um abutre esperava pacientemente pela refeição. Não salvou a criança e o mundo, que deu o bebe como morto, criticou-o e chamou-lhe a ele próprio abutre. Carter acabou por ganhar o premio Pulitzer com esta imagem que o perseguiu e o levou ao suicídio aos 33 anos.
Afinal o que aconteceu com o bebe??O bebé era um menino, chamava-se Kong Nyong, e acredite, sobreviveu ao abutre. Segundo l a enfermeira Florence Mourin, que coordenava os trabalhos do programa da ONU para o combate à fome no Sudão em Ayod, o local onde tudo aconteceu, o menino tinha acompanhamento, como prova a pulseira branca na mão direita,(veja na foto). Kong, tinha marcada na pulseira a inscrição T3, sofria de subnutrição grave. E sobreviveu, conta a infermeira, que foi até Ayod para reconstituir, 18 anos depois, a história daquela imagem.
Kong viveu até 2007, depois morreu de “febres”, contou o pai do menino.
Kevin Carter, o fotografo, entregou-se às drogas e acabou por se suicidar,aos 33 anos. Em Abril de 1994, pouco depois do anúncio do premio Pulitzer, Carter, era descrito como alguém que profissionalmente procurava sempre o limite da condição humana, era também arrastado facilmente para a depressão pela força do seu próprio trabalho. Dizia gostar de viver no limite.
Fonte www.Publico.pt